segunda-feira, 29 de outubro de 2007

sentia-me só. depois de umas quantas voltas procurando alguma coisa que me fizesse libertar desta solidão, tirei-te da prateleira...

nunca me desiludes, sempre me acompanhas quando preciso de amigos novos, de uma história que me faça esquecer a minha história... diferentes caminhos, imagens, sentimentos...

esqueço-me totalmente de mim, inebriada pelo teu poder, que me tenta, de cada vez que te percorro com dedos trémulos de excitação, virando página após página de tanta gente, de tantas vidas...
perco-me nas tuas palavras, consciente de que fui apanhada num sonho que não é o meu mas que partilho sem tardar, deixando para trás a realidade como a conheço...
passam minutos, semanas, anos de momentos vividos por outros... e horas de mim própria que demoradamente me retêm nas tuas linhas...

tudo pára! como que um sonho sustentado por magia...
e o telefone toca,
arranca-me desta inércia que não permiti, mas que me acompanha de cada vez que te tiro da prateleira...

mudança


as pessoas não mudam... ou quando mudam, geralmente, é para pior...

fico triste, porque gostava através das palavras tentar fazer com que entendessem porque devem agir de maneira diferente para não causar mágoa, desilusão, sofrimento...

quarta-feira, 24 de outubro de 2007

caramba

Ó senhor da loja
já que a vida é curta
diga-me lá, se souber
quantos metros tem a dor

E já que ainda por cima
a vida é pesada
diga-me lá, se puder
quantos quilos tem o amor

E já que a paciência
tem os seus limites
diga-me lá quantos são
que é p´ra eu saber se espero ou não
quando for desesperar

...

Ó senhor da loja
já que a vida é bela
diga-me lá, se souber
em que espelho a devo olhar

Mas se por outro lado
diz que a vida é dura
arranje-me aí, se tiver
um capacete p´ra eu marrar

E já que a vida é feita
de pequenos nadas
guarde-me aí quatro ou cinco
que é p´ra quando for domingo
eu os poder saborear

...

Ó senhor da loja
já que a vida é breve
arranje-me aí os ponteiros
dum relógio que atrasar

E já que no fundo
vai tudo a dar ao mesmo
diga-me se o mesmo é mesmo
tudo o que ainda vai mudar

E já que é preciso
deitar contas à vida
desconte-me aí os meses
em que apenas fiz as vezes
doutro que não era eu

sérgio godinho

sábado, 20 de outubro de 2007

luta

por vezes, quando se perde, ganha-se...
perdemos porque não estivemos à altura de saber lidar com alguma coisa, com alguém, connosco mesmos... perdemos porque desapontámos outro... perdemos porque não queremos reconhecer que agimos mal... perdemos ao não tentar corrigir o que fizemos, o que sentimos, o que provocamos...
e com uma força interior assumimos que erramos, que somos apenas humanos, não semi-deuses que não podem nem devem errar... revemos os nossos sentimentos, as nossas acções, o nosso pensamento, pedimos perdão, pedimos ajuda, baixamos os muros que nos isolam cá dentro...
e ao perder, ganhamos!!

terça-feira, 16 de outubro de 2007


Não te quero senão porque te quero,
e de querer-te a não te querer chego,
e de esperar-te quando não te espero,
passa o meu coração do frio ao fogo.
Quero-te só porque a ti te quero,
Odeio-te sem fim e odiando te rogo,
e a medida do meu amor viajante,
é não te ver e amar-te,como um cego.

Talvez consumirá a luz de Janeiro,
seu raio cruel meu coração inteiro,
roubando-me a chave do sossego,
nesta história só eu me morro,
e morrerei de amor porque te quero,
porque te quero amor,a sangue e fogo.
Pablo Neruda

palavra




Sê paciente; espera
que a palavra amadureça
e se desprenda como um fruto
ao passar o vento que a mereça.


Eugénio de Andrade

arco-íris

pois que ainda me espanta a bondade humana?
por vezes, nos dias chuvosos da vida, vemos surpresas que nos deixam ver o sol...
porque é com os céus cinzentos e a chuva miudinha que se faz o arco-íris...

segunda-feira, 15 de outubro de 2007

saudades

correndo o risco de ser repetitiva...

'como pode a distância separar-te dos teus amigos?
se queres estar junto de alguém que amas, não te parece que já lá estarás? '
in Fernão Capelo Gaivota

prisão

passamos a vida presos... numa prisão que nos limita muito mais do que barras ou celas...
prendemos insistentemente os nossos sentimentos... amarramos as emoções...
amordaçamos a alma com tal determinação que até esquecemos como a libertar quando chega a altura...
calamos a raiva, escondemos a tristeza...
a desilusão fica aninhada num canto do coração, bem ao lado da paixão...
não reagimos, não ripostamos porque não fica bem chorar quando nos magoam ou rir às gargalhadas porque estamos realmente felizes...
fazêmo-lo às 'escondidas', quando não está ninguém a ver, ninguém para nos criticar...
devemos a nós próprios ser mais verdadeiros, mais transparentes...

devemos ser amnistiados de tal pena...

quarta-feira, 10 de outubro de 2007

terça-feira, 9 de outubro de 2007

caminhos


'Quantas coisas perdemos por medo de perder...'
in 'Brida'

outros tempos...

pois a falar com gente mais nova que me aparece na frente é que percebo que estou velha!!
não me queixo evidentemente, porque com esta 'velhice' vem a sabedoria (pelo menos para alguns...)
mas dei por mim ontem a falar com os estagiários que nos acompanham anualmente acerca de outro tempos, ou melhor, outros programas de TV... neste caso específico, falou-se acerca de desenhos animados...

e cheguei à conclusão, não querendo 'puxar a brasa à minha sardinha', que os ditos eram bem mais engraçados na minha infância... eram pouco violentos e a maior parte deles didácticos...
com espanto constatei que eles não faziam a mais pálida ideia de quem era o 'sport billy', com a sua mala mágica da qual se tirava tudo e tudo se transformava em realidade! nunca tinham ouvido falar...
o 'dartacão' e os seus moscãoteiros, o 'tom sawyer' e as suas aventuras no mississipi, o 'era uma vez a vida' responsável talvez de forma inocente o facto de eu ter seguido a minha área profissional, os 'estrunfes', pequenos homenzinhos azuis nas suas casinhas-cogumelo, e uma das minhas favoritas de sempre 'as corridas mais loucas do mundo', que consegue dar-nos a lição de que os atalhos menos correctos dão sempre mau resultado duma maneira hilariante...
tantos outros que poderiam ser aqui citados, mas escreveria muitas e longas linhas...
enfim, recordações...

sexta-feira, 5 de outubro de 2007

dia de anos

"Dia de Anos"
Com que então caiu na asneira

De fazer na quinta-feira
Vinte e seis anos!
Que tolo!
Ainda se os desfizesse...
Mas fazê-los não parece
De quem tem muito miolo!
Não sei quem foi que me disse
Que fez a mesma tolice
Aqui o ano passado...
Agora o que vem, aposto,
Como lhe tomou o gosto,
Que faz o mesmo?
Coitado!

Não faça tal: porque os anos
Que nos trazem?
Desenganos
Que fazem a gente velho:
Faça outra coisa: que em suma
Não fazer coisa nenhuma,
Também lhe não aconselho.
Mas anos, não caia nessa!

Olhe que a gente começa
Às vezes por brincadeira,
Mas depois se se habitua,
Já não tem vontade sua,
E fá-los queira ou não queira!

João de Deus

quinta-feira, 4 de outubro de 2007

entrei!

e já está!
não sei bem porque achei que tinha saudades de voltar a estudar, mas pelos vistos, achei...
se achei que a parte mais difícil era esta, passar as provas de candidatura, aparentemente enganei-me...
agora é que vai ser a doer... 2 anos... 2 anos!
veremos como corre a experiência... agora também já é tarde para voltar atrás...
até logo!

segunda-feira, 1 de outubro de 2007

boa noite

boa noite e bons sonhos para os que por cá passam
t

esperança


'Nada está completamente errado neste mundo...
Até um relógio parado está certo duas vezes ao dia...'

teias

há coisas engraçadas...
uma teia consegue suportar, comparativamente à sua estrutura, pesos extraordinários... já não sei onde li (aquelas informações que nos ficam teimosamente na cabeça..), que se o fio de uma teia de aranha tivesse a espessura de um lápis seria capaz de fazer parar um Boeing 747 em pleno vôo... brilhante, não?
também nós somos capazes de suportar muito mais do que imaginamos... só deparados com determinadas situações nos apercebemos o quanto somos resistentes...tanto ou mais do que um fio de uma teia, paramos verdadeiros aviões de informação e de emoções que nos são atiradas diariamente... e não quebramos...
plagiando uma frase bem na moda: 'há coisas fantásticas, não há?'