quarta-feira, 26 de setembro de 2007

ser ou não ser

recordei-me há pouco tempo de um livro que li... no meio do enredo da história, interpretei que a mensagem principal não era a narrativa por si só... isto levou-me a pensar numa teoria interessante...
bem sei que talvez eu seja a voz da discórdia, porque a acho, honestamente, um pouco ousada... mas reflectindo longamente decidi que era assim que eu vejo as pessoas...

ser-nos-á mais natural ser bons ou maus?

seremos bons de uma forma, digamos, congénita? e com a capacidade de nos desviarmos do caminho, tornando-nos maus?
ou seremos maus intrinsecamente, e teremos a possibilidade de escolha para fazermos boas acções?
pois na minha opinião...
é muito mais fácil ser mau, ceder ao vício, à inveja, ao rancor, ao despeito, ao ciúme, à maldade pura...
e difícil fazer coisas boas, ajudar os outros, perder um minuto das nossas vidas a fazer outro sorrir, ou a ajudá-lo a deixar de chorar... apanhar um animal abandonado na rua, olhar um pedinte e não julgar, ver a tristeza nos olhos de alguém e dizer uma palavra de conforto...
para mim, é uma batalha diária, porque acredito que nascemos infectados com maldade... e só um esforço diário e insistente nos leva a sermos pessoas melhores... e a reprimir o lado escuro, fechando-o numa cave onde seja difícil alcançá-lo...
cá por mim, continuo com os meus 'pecados' diários, sempre tendo em mente que se pensarmos que podemos mudar, mudaremos... e talvez consigamos que ocorra uma qualquer mutação genética, um antídoto, que leve a que os nossos filhos não nasçam com esta dúvida...

domingo, 23 de setembro de 2007

conta gotas


deixo o pensamento fluir livremente, deixando marcas em tudo o que deseja...

gota a gota, tento transmitir o que me vai no peito, estes devaneios, estes estados de espírito que me lavam a alma...

e sinto-me vazia, oca de sentir e de dar...
só por um momento, pois eis que volta esta torrente de sons, sílabas e sentimentos...


e deixo o pensamento fluir, livremente, gota a gota...

reflexos

todos nós somos de uma certa maneira. e todos nós agimos de maneira diferente...
passo a explicar... a nossa maneira de pensar, de sentir, devia ser suficiente para que nós agíssemos de acordo com o que somos...
no entanto, deixamo-nos levar por situações, por conveniências, por pessoas, que nos empurram para uma forma de agir que não a nossa... faz parte da vida...
o que tento, com insistência, é evitar esses reflexos de mim, que embora estejam lá, límpidos, por vezes estão um pouco distorcidos... e tento, com persistência, reconhecê-los em mim e especialmente nos outros...
porque há quem ainda mantenha uma imagem (quase) fiel ao original...

sexta-feira, 21 de setembro de 2007

palavras

não quero falar... sinto-me cansada...
refugio-me nas palavras, mas escritas, que não têm rosto, não respondem..
aceitam o que lhes damos e nunca nos contrariam...
uns olham-nas e não percebem... outros veêm-nas e compreendem...
quando se ouvem, nada nos dizem... quando se escutam levam-nos a lugares que pensamos não existirem dentro de nós!
não quero falar... escrevo!

quarta-feira, 19 de setembro de 2007

em bom português


há coisas que me irritam...pronto, que fazer?
uma delas é o facto de não se saber escrever e falar correctamente a nossa língua...
bolas, é a nossa língua, a nossa identidade...
sou tão passível de erro como qualquer um, mas pelo menos, esforço-me para aprender, e nunca escrevo uma palavra se não tiver a certeza de como é escrita...
mas hoje em dia, é virtualmente impossível ensinar os mais novos a escrever...
é porque estão a 'teklar ktg' ou então 'a xcrever sms' ou outra coisa parecida para poupar letras e cêntimos aos papás e às mamãs...
se calhar sou assim tão exigente porque tive em casa exemplo disso, e no colégio (sim, andei no colégio...) um professor de português, que por acaso até era o director Sr. Padre Sebastião, que fazia, digamos, cavalo de batalha, que nós soubessemos escrever e falar bem a língua de Camões...
quando andava a estudar, não entendia como os professores diziam tantas vezes: 'se não entenderem perguntem!!!' e não percebiam que era uma vergonha perguntar em frente a 20 coleguinhas... 'sra professora pode explicar outra vez?'
mas hoje sou eu que o digo vezes sem conta...
e até cito uma frase de um provérbio chinês ou de algum outro ilustre desconhecido:
'se não souberem alguma coisa, perguntem...
se o fizerem serão ignorantes uma vez...
se não o fizerem sê-lo-ão para toda a vida!'

segunda-feira, 17 de setembro de 2007

dois


Só… Por vezes sinto-me só…
A meu lado dormes e talvez sonhes, mas eu estou só…
O teu cheiro invade os meus sentidos, o teu toque alimenta a minha alma, e eu tão só…
Algo me impede de te tocar, de te falar… o teu despertar não ajuda, porque estás longe, e eu estou só…
Olho-te e penso para onde foste, e porque me deixaste… só…

sexta-feira, 14 de setembro de 2007

invicta

dei por mim a apreciar a bela fotografia que coloquei aqui em cima, em lugar de destaque, para que apaixonasse a mente de quem a vê... e nunca me canso de olhar a cidade...
correndo o risco de me tornar redundante...
não sei se sabem a história por trás da frase do brasão da cidade do Porto, sem bem que todos a conhecemos como Invicta.
pois bem, aqui fica um pouco de cultura (resumida) que fica sempre bem a um tripeiro (isso é outra história)...
foi em julho de 1832, por altura do 'Cerco do Porto' (conhecem o nome?) que tudo começou.


a cidade já tinha o título de 'mui nobre e sempre leal' visto que o patriotismo e o liberalismo sempre foram valores muito estimados pelos tripeiros. pois bem, durante o cerco, em que se travava a batalha entre liberais de D.Pedro IV e miguelistas, as tropas de D.Pedro ficaram sitiadas no Porto.
o cerco prosseguiu e findos 3 meses, já tudo escasseava na cidade. O inverno aproximava-se, as maleitas, o tifo, a cólera, e os liberais desesperavam...
mas ainda resistiram! após vários fervorosos ataques, e mais de 1 ano depois, os absolutistas retiram de uma vez por todas...
e pronto! a cidade permeneceu invicta este tempo todo...

'Mui Nobre, Sempre Leal e Invicta Cidade do Porto'

ainda estão a ler? que paciência...

piruetas

hoje deparei-me com uma história que me deixou desconcertada, pela chamada à realidade que nos dá:
- veio do trabalho?
-*suspiro* é verdade...
- na 2ª vou pra lá todo o dia...
- ai é? isso é que é pior... mas não está doente...?
- não, não... vou com o meu filho.

o que dizer? há 10 anos que este pai recebeu uma notícia que o deixou devastado... e há 10 anos que luta com o filho (agora com 23 anos) pelo futuro, dia a dia...
são histórias como esta que me fazem pensar como somos pequenos, e como somos egoístas, sem tempo uns para os outros, e sobretudo, sem paciência, sem compreensão...
quando de um momento para o outro deixamos de poder estar com aquele amigo com o qual não tivemos tempo de ir tomar um café, para pôr a conversa em dia...

para todos os que esperam sem esperança...
para aqueles que levaram um pontapé da vida, e se levantaram...
para os que continuam a andar em frente, mesmo quando tudo parece andar para trás...
a minha sincera admiração

quinta-feira, 13 de setembro de 2007

palavras


"Escreve. Seja uma carta, um diário ou umas notas enquanto falas ao telefone, mas escreve. Procura desnudar a tua alma por escrito, ainda que ninguém leia; ou, o que é pior, que alguém acabe lendo o que não querias.
O simples acto de escrever ajuda-nos a organizar o pensamento e a ver com mais clareza o que nos rodeia. Um papel e uma caneta fazem milagres, curam dores, consolidam sonhos, levam e trazem a esperança perdida.
As palavras têm poder."

sábado, 8 de setembro de 2007

sra dos remédios

8 de setembro, dia da sra dos remédios...
cá estou eu, na bonita aldeia de Figueira do Douro, arredores de Lamego, a (tentar) relaxar durantes estes 2 curtos dias que chamam fim de semana...
só tento, porque não estou a ter grande sucesso... e não é porque fui para o arraial dançar até às tantas... mas temos que nos abstrair de certas coisas (ou pessoas) porque gente chata há em todo o lado...
por isso, até já me sinto mais relaxada só por estar a escrever aqui sossegada, sem ninguém à volta...
mas amanhã já é outro dia, e cada vez mais perto daquele dia fatídico em que temos que ir trabalhar.
por enquanto, deixo uma fotografia muito bonita da cidade, com um convite para cá virem passar uns dias, porque Lamego é uma cidade que vale a pena conhecer...

quinta-feira, 6 de setembro de 2007

um

sentada na cama, esperando-te
aconchegava a manta que me cobria as pernas, esperando-te
fechava os olhos descansando o pensamento, esperando-te
perguntava-me se virias, esperando-te
chorava em segredo, esperando-te

esperei e morri, esperando-te

piruetas

a apanhar do chão pedaços de mim... por vezes a vida prega-nos tais rasteiras que não deixa espaço para mais nada
hoje aqui, amanhã...

por muitas piruetas que consiga dar, caio sempre no chão duro... a realidade não muda só com a força do pensamento... e exige que os pedaços sejam apanhados e colados...
e é isso que dói, que dilacera o ser, que nos deixa o corpo em farrapos

'e a vida continua...'

ou não...

Jorge Palma - Encosta-te a Mim

encosta-te a mim

Tudo o que eu vi,estou a partilhar contigo
o que não vivi, hei-de inventar contigo
sei que não sei, às vezes entender o teu olhar
mas quero-te bem, encosta-te a mim.

brilhante!

sou, claro, suspeita, porque gosto mesmo muito da mente criativa de jorge palma.

mas não canso de me espantar com a simplicidade das palavras que conseguem dizer exactamente o que nos vai na alma...

quero-te bem...

terça-feira, 4 de setembro de 2007

mau humor


e quando se acha que se está de bem com a vida e tudo parece conjurar para ficarmos mal dispostos??
nem é preciso um motivo muito forte, ou, na verdade, muito fraco...
cortar o dedo numa folha de papel (que dói que se farta!!)
ter esquecido em casa aqueles documentos que precisávamos de ter trazido.
os carros que não andam quando o semáforo está verde e nós estamos MESMO atrasados...
o calor que só nos faz ter saudades das férias e as pessoas que dizem: 'estou quase a ir de férias!'
acordar durante a noite e olhar para o relógio pensando que ainda faltam 3 ou 4 horas para nos levantarmos e descobrir que só faltam 10 minutos...
hoje é um dia assim...

segunda-feira, 3 de setembro de 2007

em bom português...


Esta fotografia foi mesmo tirada pelo nosso telemóvel, num dia em que se passava por um café da nossa praça, em v.n. de gaia... esperava um sítio digno para ser mostrada...

Cântico negro

"Vem por aqui" — dizem-me alguns com os olhos doces
Estendendo-me os braços, e seguros
De que seria bom que eu os ouvisse
Quando me dizem: "vem por aqui!"
Eu olho-os com olhos lassos,
(Há, nos olhos meus, ironias e cansaços)
E cruzo os braços,

E nunca vou por ali...
A minha glória é esta:
Criar desumanidades!
Não acompanhar ninguém.
— Que eu vivo com o mesmo sem-vontade
Com que rasguei o ventre à minha mãe
Não, não vou por aí!
Só vou por onde
Me levam meus próprios passos...
Se ao que busco saber nenhum de vós responde
Por que me repetis: "vem por aqui!"?

Prefiro escorregar nos becos lamacentos,
Redemoinhar aos ventos,
Como farrapos, arrastar os pés sangrentos,
A ir por aí...Se vim ao mundo, foi
Só para desflorar florestas virgens,
E desenhar meus próprios pés na areia inexplorada!
O mais que faço não vale nada.
Como, pois, sereis vós
Que me dareis impulsos, ferramentas e coragem
Para eu derrubar os meus obstáculos?...
Corre, nas vossas veias, sangue velho dos avós,
E vós amais o que é fácil!
Eu amo o Longe e a Miragem,
Amo os abismos, as torrentes, os desertos...


Ide! Tendes estradas,
Tendes jardins, tendes canteiros,
Tendes pátria, tendes tectos,
E tendes regras, e tratados, e filósofos, e sábios...
Eu tenho a minha Loucura !
Levanto-a, como um facho, a arder na noite escura,
E sinto espuma, e sangue, e cânticos nos lábios...
Deus e o Diabo é que guiam, mais ninguém!
Todos tiveram pai, todos tiveram mãe;
Mas eu, que nunca principio nem acabo,
Nasci do amor que há entre Deus e o Diabo.


Ah, que ninguém me dê piedosas intenções,
Ninguém me peça definições!
Ninguém me diga: "vem por aqui"!
A minha vida é um vendaval que se soltou,
É uma onda que se alevantou,
É um átomo a mais que se animou...
Não sei por onde vou,
Não sei para onde vou
Sei que não vou por aí!

José Régio

cinema paraíso


tenho que falar sobre outro assunto de culto (para mim, pelo menos..): filmes.
filmes de toda a forma e feitio, de todos os géneros, de todas as histórias que se possam lembrar...
sou (também) uma apaixonada por cinema. da mesma maneira que não revelei os meus livros favoritos (não por pudor ou egoísmo, mas porque escreveria linhas e linhas sem ver o fim), farei o mesmo com os filmes.
o que me agrada num filme é essencialmente, tal como os livros, a sua história. e não digo que a história tem de ser muito elaborada ou de levar à lágrimas... não, deve ser apenas um conto que nos faça abstrair de tudo o resto: o trabalho, as 'tricas' diárias, a conta da água ou a hora da comida do cão, o fim de semana, as férias que já acabaram, enfim, tudo! devemos estar tão concentrados na história, e de uma forma tão natural, que nem nos lembramos que temos o carro mal estacionado ou que ainda temos tanto trabalho para fazer quando chegarmos a casa...
e ainda consigo encontrar filmes que me causem essa sensação de que o tempo parou fora daquela sala de cinema! e que os nossos olhos não vêem mais nada e o nosso cérebro não processa informação, apenas absorve as cores e os sons daquela tela...
e esses são os melhores!

sábado, 1 de setembro de 2007

bon voyage

é como uma cadeira com três pernas. fica de pé e até podemos sentar-nos nela, mas vai estar sempre manca...
podemos utiliza-la e atá nem sentiremos assim tanto a falta da quarta perna, mas é nos momentos em que menos esperamos que nos apercebemos que ela não está lá.
mas mesmo à distância ela pode apoiar-nos e não nos sentiremos assim tão privados da sua companhia...
não te preocupes. não vamos arranjar outra perna para pôr no teu lugar.
o vazio tem dono!...